domingo, 27 de setembro de 2009

Antes que fique à deriva...

e afunde sem eu conseguir postar novamente, vou deixar, pelo menos até eu ter uma inspiração "das boas" para escrever, o blog aos cuidados preciosos de Drummond. Tá em boas mãos, eu sei.

Só tomando mais um pouquinho do seu tempo, antes de entregar esta ferramenta social aos cuidados dele, quero aproveitar para dar uma frisada no que me acaba de acontecer. Com isso, hoje, mais do que nunca, tive a certeza que temos um anjinho, alguém que nos protege, toma conta, que às vezes não consegue se comunicar conosco por meio da fala - um instrumento utilizado por nós reles mortais - mas tenta se manifestar, para dar sua palavra amiga da maneira que pode. Eu, sem conseguir dormir e tentando encontrar respostas para minhas neuras, resolvo abrir o leptop, entro no Internet Explorer, e do nada clico, sei lá por que cargas d'agua resolvi fazer isso, nessas propagandas chatas e insistentes do Google (que aliás nunca clico, é sério), e me deparo com esse poema de Drummond. Era tudo que eu precisava... Anjos, Deus, seja lá o que for, algo existe...mera coincidência seria algo muito banal para se atribuir, tamanha perfeição com que esse poema se encaixou.






Lá vai...


Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor?

O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.

Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade..

A dor é inevitável.

O sofrimento é opcional.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A viagem para um lugar que ninguém foi, nem vai

A presença do professor na sala de aula já a estava irritando. As horas no relógio mais pareciam andar para trás. Paciência era uma palavra que, realmente, não existia no dicionário daquela mulher naquele dia.

Ela sabia, ou pensava que sabia, o motivo daquela angústia. Uma sangria desatada. Lembrava de todas as suas investidas e tentativas nos últimos tempos. A voz do professor mais parecia a de um monstro na tecla 'slow'. Juntou seu material, pegou a bolsa, o guarda-chuva caído no chão, pediu licença, desejou boa noite aos que estavam na sala, e se retirou.

Que alívio! - pensou. Era do ar fresco noturno que ela precisava.
Avistou a igreja, e pensou que bem que ela poderia estar aberta naquele horário - já passava das 21h - para que pudesse ter aquela conversinha, que parecia que não havia surtido efeito, com a santa daquela paróquia.

Passada a boa sensação da brisa no rosto, os pensamentos torturantes que a deixava exaustiva de tanto matutar novamente vieram à tona.

O que não sabia era o que queria de fato. As coisas vinham melhorando. Havia conseguido o emprego, tão difícil para uma recém-formada. Mas aquele vazio voltava de novo.

Agora ela sabia. Aqueles meses indo à terapia tinham que dar em algum lugar. Ela queria só saber quem ela era. Já não sabia mais. Uma simples pergunta como essa tornou-se uma verdadeira tormenta.

Tanto tempo passou tentando ser o que tinha que ser, e esqueceu-se de ser ela. Não era mais ela.

A brisa de novo soprou. O sinal verde abriu para os pedrestes. Atravessou. Procurou sentar em algum banco do ônibus que houvesse mais claridade. Talvez a luminosidade clareasse as ideias dela.

Absorta em meio aos seus pensamentos, ditraiu-se ao perceber que meio que de espreita um olhar virava-se na direção dela, hora e outra. Era um rapaz. Bem apeiçoado, bonito. Ela retribuiu os olhares. Mas pensou que não adiantaria insistir na retribuição. Uma paquera no ônibus dificilmente renderia em algo.

Esqueceu dos olhares e voltou aos pensametos. Não tinha como fugir deles. Nem dos olhares do rapaz. Desistiu de pensar. Já tava cansada pras duas coisas.

Fechou os olhos, deitou a cabeça e deixou-se absorver por aquele momento.

De súbito todo aquele momento de transe foi interrompido pelas chamadas insistentes do uma voz masculina. Era o cobrador do ônibus lhe dizendo que chegara o ponto final, que dali iria para garagem.

Fim da viagem. Das duas. Da dela e do ônibus.


Tatiane.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Não adianta se esconder, a Globo te acha


Como se não bastasse imperar na casa dos brasileiros, a Globo agora também quer acompanhar os cidadãos do caminho de casa até o trabalho. Adivinha? Em SP os ônibus passarão a ter televisores que transmitirão conteúdos da 'toda poderosa'. Receitas culinárias, resumo das novelas, blá, blá...

Além de dominar uma boa parte da mídia brasileira(registre aí as afiliadas regionais, por exemplo, a RBS, daqui) quer importunar até dentro do ônibus. É um verdadeiro cerco fechado, um monstro capitalista querendo te agarrar por todos os lados. A alienação querendo perseguir até nos únicos momentos onde o brasileiro pode pensar por ele próprio, no caso, no ônibus. Não duvido que daqui a pouco comecem a instalar esses aparelhinhos em banheiros públicos, nas árvores das pracinhas, etc.

É...cuidado, não se assute se por acaso estiver levantando as calças depois do xixi em um banheiro por aí, de repente escutar o "plim plim"...


Tatiane.

Use a cartilha cibernética, se não a próxima vítima pode ser você...







Já pensou ser mandando embora do seu emprego por causa de desentendimentos na escrita de um e-mail? Você pode até duvidar, mas a Sra. Vick Walker, de Nova Zelândia, teve que encaixotar seus pertences e se retirar do recinto.

Quem costuma não seguir a cartilha e a ética do mundo virtual, é bom começar a tomar seus devidos cuidados, começando até pelas insignificantes conversinhas de msn. Pois é...até elas podem provocar um arranca-rabo sem precedentes na pacata vidinha do cidadão. Destaco essa parte com ênfase, porque o mundo digital não transmite emoções, então cabe ao transmissor da mensagem todo cuidado ao dar o recado, pois ficará a cargo de quem decifrar a mensagem a interpretação, boa ou não, do recadinho, vai que fulaninho não está no seus melhores dias e entende aquela simples monossílaba bem intencionada, como um insulto? Vai saber, né...

Paras as conversas profissionais, o exemplo da Sra. Walker vale de lição. Ela, inocentemente ou não, escreveu um e-mail com algumas orientações aos colegas de trabalho, e numa parte do escrito colocou as letras todas em maiúsculas e na cor azul. Bom, o resultado disso vocês já sabem. Letras em caixa alta, se você não sabia, significa BERRAR com o receptor da mensagem.


Só mais uma coisinha: que tal, além de seguir um pouco da ética virtual, incrementar nessa boa vontade, um pouquinho do bom português? Vocês não sabem do que uma vírgula mal colocada ou perdida é capaz...




Tatiane.