terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Criatividade não é garantia de sucesso (artigo)

Para alcançar o objetivo é necessário aliar outras habilidades

por Jorge Okazaki*
31.12.2005
 
Uma idéia genial por si só não significa nada. Veja o exemplo do grande mestre da renascença Leonardo da Vinci, conhecido pelas suas obras-de-arte, mas também pelos seus inventos. Projetos de helicóptero, pontes levadiças, esqui aquático, inclinômetro, só foram comercializados nos últimos séculos. Ou seja, demoraram quase 500 anos para sair do papel.


Após minhas palestras, é comum as pessoas me apresentarem idéias de projetos. “O que você acha disso?”, perguntam. Digo que está excelente, porém, desta fase da sua criatividade até o sucesso, existe um abismo. Uma idéia em seu cérebro não representa nada para a sociedade. A sua idéia terá que se transformar em produto ou serviço até as pessoas comprarem ou usarem o serviço.

Mal sabe o inventor que a sua idéia irá passar por inúmeras etapas que colocam no chão. Isto, porém, não deve ser um fator inibidor para o criativo. Pelo contrário, a dificuldade é a vitamina para o desafio. Ele deve aliar a sua idéia, pitadas de empreendedorismo, iniciativa, motivação, visão, disciplina, risco, coragem, persistência, resignação, idealismo, humanismo, etc…

Na indústria
O funcionário ou especialista numa empresa ao ter uma idéia, terá como seu auxílio todo uma estrutura empresarial, que chamamos de planejamento, cujo último passo é atingir o objetivo. Na empresa o que une a criatividade ao objetivo chama se planejamento
O indivíduo comum, ao ter uma idéia criativa, encontrará a sua frente um caminho árduo, cujo fim da linha não é o objetivo, mas sim o sucesso pessoal. Podemos dizer que da idéia ao sucesso existe um abismo de dificuldades. A ponte de união se chama empreendedorismo.

Metodologia
Para que algo dê certo devemos, antes de mais nada, analisar se aquilo que estamos propondo é inteligível, compreensível. Aí começa a primeira etapa da criatividade: formar ou construir a imagem apresentável da nossa idéia.
O passo seguinte é conquistar simpatizantes da sua idéia, para que juntos consigam formar uma opinião favorável, e conseguir um patrocinador para a proposta em questão. No caso de produtos ou bens de consumo, do recurso conseguido a partir do patrocinador, para se chegar a concretização da idéia, passaremos por, planejamento, amostra ou protótipo, testes, homologação, certificação, propaganda, campanha de venda, venda, análise de mercado. E se o povo gostar, experimentaremos o sucesso.
Portanto somente a criatividade não garante o sucesso. Você deverá aliar outras habilidades como o empreendedorismo, motivação e dedicação. Com isso, certamente alcançará resultados positivos.


* Jorge Okazaki é consultor em planejamento e desenvolvimento de produtos, administrador de empresas e palestrante especializado em criatividade

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Mais uma história boa de contar

 Ele quis se tornar o pipoqueiro da Praça
Com R$0,50 a pessoa pode sair comendo a pipoca feita por Nunes.
Perfil >> Ao perceber que não existia pipoca para vender no local, ele inovou e criou a pipoca de leite de moça com coco ralado e granulado 

Chama a atenção de quem passa pela Praça Nereu Ramos (Centro) o rádio tocando música no volume alto e, principalmente, chama a atenção o lugar de onde vem o barulho estridente: um carrinho de pipoca nas cores verde e lilás. Quem está por detrás do irreverente carrinho é Maurício Laudelino Nunes, 48, que há três anos decidiu deixar a profissão de montador de móveis, para se tornar o pipoqueiro da Praça de Biguaçu. “Quando vinha visitar a cidade ficava analisando a Praça. Vi que precisava de um pipoqueiro, então eu disse: vou mudar minha profissão”, lembra ele com um largo sorriso no rosto.

Chegada
Natural de Biguaçu, aos 14 anos de idade Nunes foi para Curitiba (PR). Lá trabalhou como montador de móveis, conheceu sua esposa e teve uma filha, a Marina, que hoje está com 18 anos. Ele conta que sua mulher e filha adoram a cidade, e todos os anos vinham para cá no final de ano passar a temporada. “Quando chegava à cidade, vinha para a praça e ficava sentando naquele banquinho (aponta para o banco que esta a esquerda) e pensava: engraçado, tem um sorveteiro aí, mas não tem um pipoqueiro. Em Curitiba toda praça tem um pipoqueiro”, conta. Orgulhoso da profissão que escolheu, Nunes deixa estampado em seu rosto o prazer que sente em preparar um saquinho quentinho de pipocas.

Receita de sucesso
Nunes não pensou duas vezes. Comprou um carrinho de pipoca, chamou a família e veio Biguaçu. Chegou aqui já com a ideia de que sua pipoca teria que ter um diferencial. Foi então que inventou a pipoca doce com leite moça, coco ralado e granulado. A receita criada por ele faz o maior sucesso entre a garotada que estuda no colégio próximo à praça. A pipoca, segundo Nunes, é “um excesso de gostosura”.
Mas não é só a doce que faz sucesso. A salgada também recebe temperos especiais, tudo para quem for comer a pipoca deliciar-se com sabores jamais experimentados.

Alegria da criançada
Nunes tem ponto fixo na Praça e raramente muda de local. Todos os dias, de segunda a sexta, está ali vestindo o jaleco branco e ouvindo a rádio enquanto prepara mais uma panela de pipocas fumegantes. A clientela, Nunes ainda está formando, mas garante que, quem come a primeira vez, costuma sempre voltar.
As crianças têm um agrado a mais. Além se lambuzarem com a pipoca e se divertirem com a simpatia a alegria do pipoqueiro, ganham de brinde um pirulito e uma bexiga. O preço dos saquinhos com a delícia também não fica por menos. Custa R$1 a pequena, R$1,50 a média e R$2 a grande.
O valor praticados pelo pipoqueiro é somente um detalhe. Apesar de viver da profissão, diz que não visa só o dinheiro. Com R$0,50 ou R$0,25 na carteira, a pessoa sairá do local comendo pipoca. “Eu estou na praça não é só para obter lucro, é para também fazer a alegria das crianças. Tem umas que para a mãe R$1 é muito, então eu achei que tinha que ter esse diferencial”, conta.

Serviço
Quem quiser contratar o pipoqueiro Nunes para eventos e festas de aniversário, é só ligar no telefone
(48) 9625-7868 ou procurá-lo na Praça Nereu Ramos (Centro), em Biguaçu.

Nota: O segredo do sucesso está no prazer em que você faz as coisas, e também, na forma como você encara a vida. Difícil, tranquila, injusta ou para quem saber viver?

Tatiane D. da Silva

domingo, 5 de dezembro de 2010

Vivendo, aprendendo e...escrevendo!

Nota: Ímpar na profissão de repórter, apesar do cotidiano turbulento e desgastante, é o privilégio de ouvir belas histórias, conhecer pessoas sensacionais e, principalmente, ter lições de vida que, talvez, outras profissões não oportunizem.

A humanidade, a maturidade com as relações interpessoais, a simplicidade e a mudança na forma de encarar a vida são somente algumas das inevitáveis consequências da profissão repórter.

Me impressiona o fato de algumas pessoas terem nascido para fazer especificamente uma coisa. Elas têm uma missão e suas vidas são conduzidas totalmente absortas àquela missão. Me refiro aos "Anjos do Asfalto", substantivo carinhosamente atribuido aos socorristas do SAMU. São pessoas simples, com família, filhos, que precisam equilibrar suas contas, porque o salário não é lá grandes coisas, que se arriscam e dedicam suas vidas a salvar vidas de pessoas que sequer eles conhecem. Se arriscam por estranhos. Uma ato de amor. Um sentimento tão carente em meio ao caos humanos que assistimos todos os dias.

Ainda assim, esses heróis têm a simplicidade de encarar na maior naturalidade aqueles que reclamam do trabalham que prestam. Sim, tem quem reclame e essa informação me estarreceu. Mas não são todos, é claro. Há que reconheça esse belo trabalho, que, diga-se de passagem, não é para qualquer um. E o gesto desses poucos que reconhecem, dizem eles, é o que gratifica essa estressante profissão.

Mariane, Roberta e suas famílias têm uma história, retrato fiél do que escrevo. As linhas desse relato eu tive o prazer de registrar.



Depois do susto na BR 101, jovens vão ao encontro dos hérois
Samu >>Passados vários dias na UTI,  adolescentes que sofreram um grave acidente prestam homenagem aos socorristas que salvaram suas vidas


A visita da família foi cheia de presentes e flores.

No sábado do dia 30 de outubro, feriadão de Finados, a unidade de Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), de Biguaçu, recebeu o chamado para atender a um grave acidente ocorrido na BR 101, Km 192. Um Palio 2002, que levava cinco pessoas, entre elas um casal e três adolescentes, havia capotado e despencado na marginal. Assim que tomaram conhecimento do fato, imediatamente os socorristas se dirigiram até o local.


De volta à vida
Roberta Zapelini de Simas, 13, que estava no banco traseiro do veículo, não consegue se lembrar de muita coisa, mas recorda-se muita bem do medo que sentiu em perder sua vida. Ela teve hemorragia interna, edema cerebral e traumatismo craniano. Ainda com as marcas do acidente e mostrando-se meio assustada com tudo que aconteceu, tinha nas mãos presentes e flores para entregar às pessoas que ajudaram a salvar sua vida. “Se não fosse eles, não sei o que teria sido de mim”, afirma a garota.

A dona de casa Zenir Zapelini de Simas, 43, mãe de Roberta, conta que o médico da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) não acreditou quando viu os jovens vivos tamanha a gravidade do acidente. “Ele disse que se não fosse o socorro imediato, eles não teriam sido salvos”, diz emocionada.

Mariane Miranda, 16, que também estava no banco traseiro do Palio, teve traumatismo craniano, e precisou ficar mais tempo que a amiga Roberta no hospital. Ainda assim, sua recuperação foi considerada rápida. Os médicos esperavam pelo menos dois meses para sua recuperação. “Só tenho a agradecer. Se eles não fossem rápidos o suficiente, não estaríamos aqui”, conta a garota.

Os outros três passageiros do carro, o irmão de Mariane, Fábio Miranda, 13, também sofreu um traumatismo, mas recuperou-se rapidamente e passa bem. A irmã Grasiele Miranda de Souza, 24, e o marido Geovani Gonçalves, 26, que conduzia o veículo, também se encontram saudáveis.

Homenagem
As duas jovens (Roberta e Mariane), a irmã Grasiele, e as mães da moças, foram na tarde de terça-feira (23/11), à unidade do Samu de Biguaçu, agradecer à equipe pelo socorro prestado a elas no dia do acidente. Presentes, chocolates e flores, enfeitaram a sala dos socorristas, que ficaram emocionados com a demonstração de afeto.

A socorrista Suleimar Barcelos Saldanha, que também tem duas filhas da mesma idade que Roberta e Mariane, agradeceu o carinho da família “Quando eu olhei para as duas (no dia do acidente) lembrei das minhas filhas. Quando cheguei em casa dei um abraço em cada uma”, recorda-se.

Apesar de acostumado com a rotina turbulenta da profissão de motorista do veículo do Samu, Ivonei Gallas, sente-se honrado com a homenagem. Conta que raramente recebe notícia das pessoas que salva, mas diz que, de vez em quando, procura o hospital para ter informação. “A gente tenta fazer tudo corretamente e isso tudo é muito gratificante”, observa.