quarta-feira, 28 de maio de 2008

A LEI DA SEMENTE






"Vamos começar com a lei da semente: "Faça a colheita depois de ter plantado."
É preciso preparar o solo, regar a semente (esforço), esperar um tempo (paciência) e depois colher o feijão. Esforço+paciência=resultado.

Muitas vezes as pessoas não entendem esse princípio. E perguntam: "Se eu plantar feijões hoje, o que receberei amanhã?" E a resposta é: "Sementes de feijões molhadas."

A lei da semente diz: "Plante hoje e colha ...MAIS TARDE."

Plante o feijão agora e faça a colheita daqui a quatro meses.

Se as pessoas cultivassem sua própria comida, provavelmente entenderiam melhor esse conceito. Mas nós vivemos na era do macarrão instantâneo."
Extraido do livro: "Siga seu Coração", de Andrew Matthews.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Viciados em malhação, Tatiane Silva.


Rafael: “Se não faço meus exercícios fico de mau- humor”.
Espelho, espelho meu, existe alguém mais forte do que eu?

O vício da academia ainda é visto por alguns como excesso de vaidade, no entanto, trata-se de uma doença e precisa ser tratada logo.

Todos os dias, de segunda a sexta, são sagrados para Rafael Corrêa, 20, os exercícios físicos que pratica numa academia no centro de Florianópolis. Até aí tudo bem, se não fosse um detalhe: a mudança no humor quando não pode ir malhar. Só de pensar em ficar longe dos aparelhos de musculação por mais de 48 horas, o adolescente fica irritado, "Passo mal o dia que não malho", conta Rafael.
Ele lembra bem o dia em que a recepcionista do local onde treina, teve que negar um pedido do seu freqüentador mais assíduo: as chaves do estabelecimento. “A academia ia ficar fechada no feriado, e eu não queria interromper meu treino”, recorda.
Rafael sabe bem que toda essa ansiedade para não perder um dia sequer de malhação tem nome: Vigorexia. Conhecida também como Síndrome de Adônis, a doença se esconde por trás de um hábito aparentemente saudável: a prática de exercícios físicos.

Ditadura de beleza
A busca incessante por um corpo perfeito fez surgir nas últimas décadas na sociedade moderna, inúmeros casos de transtornos emocionais, relacionados à imagem corporal. Entre os mais conhecidos estão os de hábitos alimentares: Anorexia e Bulimia. Já a Vigorexia, catalogada como Transtorno Dismórfico Corporal, caracteriza-se principalmente pela supervalorização de uma silhueta perfeita e o esforço desmedido do indivíduo para alcançá-la.


“Deixei de ir ao enterro do meu tio para ir à academia”
Cancelar compromissos para ir à academia não é uma atitude incomum para os vigoréxicos. O fisiculturista Roberto Adilson da Silva, 34, sócio de uma academia em Barreiros, recorda-se do dia em que trocou um compromisso para poder ir malhar, “Deixei de ir ao enterro do meu tio para ir à academia”, conta. Para alguns essa atitude representa um exagero, já para o fisiculturista trata-se somente de um hábito com muita disciplina.
Para os vigoréxicos priorizar os treinos diários é quase uma lei. E foi dessa maneira que o adolescente Rafael recusou uma oferta de emprego, “Desisti porque teria que trabalhar oito horas e não sobraria tempo para academia”, justifica.

O espelho: de aliado a inimigo
Mais comum em homens do que em mulheres, uma das características da Vigorexia é a insatisfação do indivíduo com o próprio corpo. Mesmo com a musculatura avantajada, ele não se satisfaz com o que vê diante do espelho.
O fisiculturista Roberto conta que, mesmo com todo o volume de músculos que possui (ele é bem forte), quer aumentá-los ainda mais. A referência que tem para alcançar sua meta é o lendário ex-fisiculturista britânico Dorian Yates e americano Ronnie Colleman (ambos com vários títulos consagrados em campeonatos de fisiculturismo).

A doença predomina entre os homens
Segundo o psiquiatra Luiz Rath, de Florianópolis, apesar de não existirem dados estatíscos a respeito do assunto, acredita-se que o número de casos venha aumentando, principalmente entre indivíduos do sexo masculino. Para ele, as pessoas ainda desconhecem a vigorexia como uma doença, chegando acreditar ser um hábito saudável. “Aparentemente trata-se apenas de exercitar muito os músculos, ficando encobertos os aspectos patológicos da obsessão”, salienta o psiquiatra.

Conforme Rath, a doença se manifesta em pessoas inseguras, de baixa auto-estima, que se preocupam excessivamente com o julgamento dos outros e que acabam por supervalorizar os cuidados com o corpo.

As conseqüências da vigorexia vão além do que se imagina. Isolamento, falta de interesse sexual, desgaste físico e mental, falta de apetite, irritabilidade e cansaço estão entre alguns dos prejuízos que a doença traz.
O tratamento, segundo Rath é feito através da psicoterapia cognitiva, um recurso onde o profissional ajuda o paciente a identificar as áreas emocionais e sociais que estão afetando no dia-dia, ou em situações especificas. E em alguns casos é feito uso de medicação antiobsessiva.

Ainda não se sabe quais as causas para este tipo de comportamento obsessivo, mas segundo o psiquiatra certamente estão envolvidos fatores sociais, como a atual cultura do corpo “sarado”, associados a uma insegurança e vulnerabilidade pessoal para as exigências da sociedade.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Entrevista com o árbitro Margarida


Um estilo Margarida de ser
por Tati Silva

O árbitro palhocense de trejeitos afeminados que leva diversão aos estádios do Brasil a fora

Clésio Moreira dos Santos, o árbitro Margarida, desabrocha – literalmente – quando está em campo. Suas performances acrobáticas já foram vistas por várias pessoas no mundo. E o seu reconhecimento em dezessete países tem uma explicação: ao arbitrar os jogos de futebol com o seu irreverente “passo de gazela”, vestido da cabeça aos pés com um uniforme totalmente cor-de-rosa, Margarida arranca risadas e conquista a simpatia de todos, em qualquer estádio de futebol que se atreva a pisar.


Um jeito bem diferente de apitar

Da sua entrada no campo até o final da partida, tudo é minuciosamente coreografado. O início do jogo é anunciado com o som de um apito descontrolado e os dedos indicadores apontados para cima sinalizam que mais um jogo vai começar. Opa! Falta cometida! Com o dorso empinado, um braço apontando para o céu e outro para o gramado, Margarida indica onde a infração do jogador foi cometida. Na hora de dar um cartão para os atletas, ele lembra uma mola daquelas de brinquedo, se contorcendo para trás, colocando o cartão quase no nariz dos jogadores, na subida de volta.

Não foi à toa que a mídia brasileira se afeiçoou a ele. Até a apresentadora Ana Maria Braga e o Programa Vídeo Show, ambos da TV Globo, quiseram conferir de perto e entrevistar o árbitro palhocense que percorre o estádio em saltitantes passos largos.

Aos 48 anos de idade, casado, pai de três filhos e formado pela Federação Catarinense de Futebol desde 1988, Clésio conta que resolveu criar o personagem Margarida inspirado em três árbitros. A mistura de Jorge Emiliano, o Margarida Carioca, surgindo daí o nome artístico de Clésio, com o paulista Roberto Nunes Morgado (ambos falecidos) e o blumenauense Almir Renzi resultou, em 1994, nessa hilária figura cor-de-rosa que hoje conhecemos.

Críticas não faltaram quando Clésio iniciou sua carreira com o personagem. Os colegas diziam que o árbitro Margarida não tinha futuro e pediam para que desistisse daquela bobagem. Mas o árbitro não deu ouvidos a eles. Seguiu com sua idéia e hoje profetiza dizendo que sua missão aqui na Terra é levar alegria às pessoas.

Quando o assunto é futebol...

Clésio confessa ser um fanático pelo clube carioca, o Flamengo, e ainda revela sua preferência pelo time do município, o Guarani de Palhoça. Mas quando se trata de driblar a bola com os pés, ele dispara: “sou um zero à esquerda jogando futebol”. Difícil de acreditar, mas o árbitro que vive do futebol diz não ter paciência para sair de casa e assistir a uma partida, reforçando a velha máxima que diz: “casa de ferreiro, espeto de pau”.

Um show de arbitragem

Em 2006, o árbitro teve que se afastar da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), por ter completado a idade de 45 anos, estabelecida pela confederação como limite para atuar. De lá para cá, ele vem fazendo sucesso em vários países com a arbitragem-show de Margarida.

Atualmente, é colunista esportivo em três jornais, tem a agenda cheia de viagens marcadas, inclusive com uma para o México, onde irá participar da Copa Caribe. Depois seguirá para China, Alemanha e Portugal.

Apesar de já ter conhecido muitos lugares, o árbitro afirma que Palhoça não deixa nada a desejar no que diz respeito às belezas naturais e admite já ter recusado algumas propostas para deixar o município. Garante que será muito difícil alguém conseguir convencê-lo a abandonar a cidade pela qual é apaixonado.


O pão de cada dia, por Tati Silva



“Quem se defende porque lhe tiram o ar
Ao lhe apertar a garganta, para este há um parágrafo
Que diz: ele agiu em legitima defesa. Mas
O mesmo parágrafo silencia
Quando vocês se defendem porque lhes tiram o pão.
E, no entanto, morre quem não come, e quem não come
O suficiente
Morre lentamente. Durante os anos todos em que morre
Não lhe permitido se defender” (Quem Se Defende – Bertold Brecht)


Andava rapidamente, quase que correndo. Tinha pressa. Não teria que chegar a lugar nenhum, até por que já estava em nenhum lugar. Não tinha rumo, mas sabia que tinha pressa. Aquela situação parecia incandescer o coração do pobre rapaz. Sem olhar para os olhos da garota, que parecia estar preocupada com o horário no ponto de ônibus, ele agiu. Igual um trem bala, o rapaz arrancou-lhe a bolsa e sumiu na primeira esquina.
Os gritos e o choro não tocaram o coração dele. Inconsolável e assustada a moça sentou-se na calçada não acreditando no que tinha lhe acontecido. Em menos de trinta segundos as pessoas começaram a surgir oferecendo apoio. Mas trinta segundos antes não tinha ninguém. É sempre assim!
O hábil e ligeiro rapaz já devia estar bem longe. Aquela situação parecia ser comum para ele. Afinal de contas, tudo foi feito com tanta naturalidade e frieza. Nem ao menos olhou nos olhos daquela garota.
Fico tentando adivinhar o que motivou aquele “foguete” - parecia de tão ligeiro - a fazer aquilo. Todos devem imaginar o pior do garoto. Mas o motivo que o levou a fazer fica por último diante de tanta indignação. Ontem, no ônibus do primeiro horário, quando me acomodei no assento e olhei na janela dei de cara com o rapaz. Assustei-me, pensei que ele agiria de novo, mas não. Ele trazia debaixo de um dos braços um saco de pão e um litro de leite. E no outro, pelas mãos, uma garota bonitinha, com o nariz todo sujo de ranho, que gritava miúdo chamando-o de papai.