Um estilo Margarida de ser
por Tati Silva
O árbitro palhocense de trejeitos afeminados que leva diversão aos estádios do Brasil a fora
Clésio Moreira dos Santos, o árbitro Margarida, desabrocha – literalmente – quando está em campo. Suas performances acrobáticas já foram vistas por várias pessoas no mundo. E o seu reconhecimento em dezessete países tem uma explicação: ao arbitrar os jogos de futebol com o seu irreverente “passo de gazela”, vestido da cabeça aos pés com um uniforme totalmente cor-de-rosa, Margarida arranca risadas e conquista a simpatia de todos, em qualquer estádio de futebol que se atreva a pisar.
Um jeito bem diferente de apitar
Da sua entrada no campo até o final da partida, tudo é minuciosamente coreografado. O início do jogo é anunciado com o som de um apito descontrolado e os dedos indicadores apontados para cima sinalizam que mais um jogo vai começar. Opa! Falta cometida! Com o dorso empinado, um braço apontando para o céu e outro para o gramado, Margarida indica onde a infração do jogador foi cometida. Na hora de dar um cartão para os atletas, ele lembra uma mola daquelas de brinquedo, se contorcendo para trás, colocando o cartão quase no nariz dos jogadores, na subida de volta.
Não foi à toa que a mídia brasileira se afeiçoou a ele. Até a apresentadora Ana Maria Braga e o Programa Vídeo Show, ambos da TV Globo, quiseram conferir de perto e entrevistar o árbitro palhocense que percorre o estádio em saltitantes passos largos.
Aos 48 anos de idade, casado, pai de três filhos e formado pela Federação Catarinense de Futebol desde 1988, Clésio conta que resolveu criar o personagem Margarida inspirado em três árbitros. A mistura de Jorge Emiliano, o Margarida Carioca, surgindo daí o nome artístico de Clésio, com o paulista Roberto Nunes Morgado (ambos falecidos) e o blumenauense Almir Renzi resultou, em 1994, nessa hilária figura cor-de-rosa que hoje conhecemos.
Críticas não faltaram quando Clésio iniciou sua carreira com o personagem. Os colegas diziam que o árbitro Margarida não tinha futuro e pediam para que desistisse daquela bobagem. Mas o árbitro não deu ouvidos a eles. Seguiu com sua idéia e hoje profetiza dizendo que sua missão aqui na Terra é levar alegria às pessoas.
Quando o assunto é futebol...
Clésio confessa ser um fanático pelo clube carioca, o Flamengo, e ainda revela sua preferência pelo time do município, o Guarani de Palhoça. Mas quando se trata de driblar a bola com os pés, ele dispara: “sou um zero à esquerda jogando futebol”. Difícil de acreditar, mas o árbitro que vive do futebol diz não ter paciência para sair de casa e assistir a uma partida, reforçando a velha máxima que diz: “casa de ferreiro, espeto de pau”.
Um show de arbitragem
Em 2006, o árbitro teve que se afastar da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), por ter completado a idade de 45 anos, estabelecida pela confederação como limite para atuar. De lá para cá, ele vem fazendo sucesso em vários países com a arbitragem-show de Margarida.
Atualmente, é colunista esportivo em três jornais, tem a agenda cheia de viagens marcadas, inclusive com uma para o México, onde irá participar da Copa Caribe. Depois seguirá para China, Alemanha e Portugal.
Apesar de já ter conhecido muitos lugares, o árbitro afirma que Palhoça não deixa nada a desejar no que diz respeito às belezas naturais e admite já ter recusado algumas propostas para deixar o município. Garante que será muito difícil alguém conseguir convencê-lo a abandonar a cidade pela qual é apaixonado.