segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Quero-quero rima com pernas pra que te quero

O braço dói, as pernas também doem e os ombros eu mal consigo levantar. Mas antes de prosseguir, preciso dar algumas explicações sobre um passáro chamado Quero-quero.


O Quero-Quero, conhecido também como Terém-terém e Espanta-boaida - esse último você já vai entender o porquê - habita grandes campinas úmidas e os espraiados dos rios e lagoas. Possui dois esporões com cerca de 1cm em cada asa, é uma ave pequena e caracteriza-se pelo colorido em tons cinza e o ornato na cabeça. É briguenta e se transforma num verdadeiro galo de briga quando percebe algum intruso próximo ao seu ninho, que costuma ser feito no chão. Em alguns parques fabris eles costumam ser usados como cães de guarda. É comum encontrá-los em jogos de futebol devido ao terreno dos campos.

Quem dera eu tivesse em mãos todas essas informações antes de ser eu, uma intrusa, num território de Quero-quero. Essa história vocês já vão saber. Trata-se de um Quero-quero que botou para correr este ser desinformado da sua existência e que vos escreve. Durante cerca de alguns intermináveis segundos me transformei numa maratonista de primeira.


Domingo. Praia da Pinheira, tarde cinzenta. Vento.

O passeio pelas ruas próximas à praia estava transcorrendo tranquilamente. Eu e minha mãe observávamos as casas e suas arquiteturas. Conversa vai, conversa vem, casa vai, casa vem, vira esquina daqui, vira esquina dali, eis que um vulto pesado atravessou sorrateiramente meu lado esquerdo, bem na altura do meu ouvido. Susto. Saltei num pulo para o outro lado. Quando pude identificar o que era, fiz um inocente comentário: - Olha, mãe, que passáro folgado (Mal sabia eu, que na visão da ave, a folgada era eu). Num ato contínuo e habilmente ligeiro, o animal fez uma curva, e num voo rasante e veloz veio em nossa direção. Sobrevoou nossas cabeças, seguiu pela esquerda pronta para mais uma manobra digna de ser imitada pela Esquadrilha da Fumaça. Até que minha mãe dispara assustada: -Acho que esse bicho quer pegar é a gente. Cooooorreee...!


Pernas pra que te quero. Parecíamos um bonecão do posto (aqueles de gasolina) correndo com os braços balançando para acima tentando evitar que o passáro nos atacasse. Como ele vinha em voos baixos, tinhamos que correr, abaixar e espantar-lhe com as mãos. Tanto movimento assim, não era de se estranhar que um estrondoso tombo estaria prestes a acontecer. Foi bonito de ver, ou melhor, ridículo de se ver. Aterrisei com tudo no chão. Senti o gosto do barro na boca e um peso pungente sobre meu corpo. Era minha mãe desabada sobre minha pessoa.

Nos levantamos rapidamente e nem nos atrevemos olhar para trás para ver onde estava a ave. Continuamos nossa saída em disparada. Num terreno seguro, olhamos para trás e nada se via além de um horizonte poerio e o cenário dessa odisseia assustadora, se não fosse ridícula demais. Rsrs.


Me admirei ao encontrar no Youtube cenas de ataques de Quero-quero.






Tatiane.

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