domingo, 5 de dezembro de 2010

Vivendo, aprendendo e...escrevendo!

Nota: Ímpar na profissão de repórter, apesar do cotidiano turbulento e desgastante, é o privilégio de ouvir belas histórias, conhecer pessoas sensacionais e, principalmente, ter lições de vida que, talvez, outras profissões não oportunizem.

A humanidade, a maturidade com as relações interpessoais, a simplicidade e a mudança na forma de encarar a vida são somente algumas das inevitáveis consequências da profissão repórter.

Me impressiona o fato de algumas pessoas terem nascido para fazer especificamente uma coisa. Elas têm uma missão e suas vidas são conduzidas totalmente absortas àquela missão. Me refiro aos "Anjos do Asfalto", substantivo carinhosamente atribuido aos socorristas do SAMU. São pessoas simples, com família, filhos, que precisam equilibrar suas contas, porque o salário não é lá grandes coisas, que se arriscam e dedicam suas vidas a salvar vidas de pessoas que sequer eles conhecem. Se arriscam por estranhos. Uma ato de amor. Um sentimento tão carente em meio ao caos humanos que assistimos todos os dias.

Ainda assim, esses heróis têm a simplicidade de encarar na maior naturalidade aqueles que reclamam do trabalham que prestam. Sim, tem quem reclame e essa informação me estarreceu. Mas não são todos, é claro. Há que reconheça esse belo trabalho, que, diga-se de passagem, não é para qualquer um. E o gesto desses poucos que reconhecem, dizem eles, é o que gratifica essa estressante profissão.

Mariane, Roberta e suas famílias têm uma história, retrato fiél do que escrevo. As linhas desse relato eu tive o prazer de registrar.



Depois do susto na BR 101, jovens vão ao encontro dos hérois
Samu >>Passados vários dias na UTI,  adolescentes que sofreram um grave acidente prestam homenagem aos socorristas que salvaram suas vidas


A visita da família foi cheia de presentes e flores.

No sábado do dia 30 de outubro, feriadão de Finados, a unidade de Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), de Biguaçu, recebeu o chamado para atender a um grave acidente ocorrido na BR 101, Km 192. Um Palio 2002, que levava cinco pessoas, entre elas um casal e três adolescentes, havia capotado e despencado na marginal. Assim que tomaram conhecimento do fato, imediatamente os socorristas se dirigiram até o local.


De volta à vida
Roberta Zapelini de Simas, 13, que estava no banco traseiro do veículo, não consegue se lembrar de muita coisa, mas recorda-se muita bem do medo que sentiu em perder sua vida. Ela teve hemorragia interna, edema cerebral e traumatismo craniano. Ainda com as marcas do acidente e mostrando-se meio assustada com tudo que aconteceu, tinha nas mãos presentes e flores para entregar às pessoas que ajudaram a salvar sua vida. “Se não fosse eles, não sei o que teria sido de mim”, afirma a garota.

A dona de casa Zenir Zapelini de Simas, 43, mãe de Roberta, conta que o médico da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) não acreditou quando viu os jovens vivos tamanha a gravidade do acidente. “Ele disse que se não fosse o socorro imediato, eles não teriam sido salvos”, diz emocionada.

Mariane Miranda, 16, que também estava no banco traseiro do Palio, teve traumatismo craniano, e precisou ficar mais tempo que a amiga Roberta no hospital. Ainda assim, sua recuperação foi considerada rápida. Os médicos esperavam pelo menos dois meses para sua recuperação. “Só tenho a agradecer. Se eles não fossem rápidos o suficiente, não estaríamos aqui”, conta a garota.

Os outros três passageiros do carro, o irmão de Mariane, Fábio Miranda, 13, também sofreu um traumatismo, mas recuperou-se rapidamente e passa bem. A irmã Grasiele Miranda de Souza, 24, e o marido Geovani Gonçalves, 26, que conduzia o veículo, também se encontram saudáveis.

Homenagem
As duas jovens (Roberta e Mariane), a irmã Grasiele, e as mães da moças, foram na tarde de terça-feira (23/11), à unidade do Samu de Biguaçu, agradecer à equipe pelo socorro prestado a elas no dia do acidente. Presentes, chocolates e flores, enfeitaram a sala dos socorristas, que ficaram emocionados com a demonstração de afeto.

A socorrista Suleimar Barcelos Saldanha, que também tem duas filhas da mesma idade que Roberta e Mariane, agradeceu o carinho da família “Quando eu olhei para as duas (no dia do acidente) lembrei das minhas filhas. Quando cheguei em casa dei um abraço em cada uma”, recorda-se.

Apesar de acostumado com a rotina turbulenta da profissão de motorista do veículo do Samu, Ivonei Gallas, sente-se honrado com a homenagem. Conta que raramente recebe notícia das pessoas que salva, mas diz que, de vez em quando, procura o hospital para ter informação. “A gente tenta fazer tudo corretamente e isso tudo é muito gratificante”, observa.


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